sexta-feira, 8 de março de 2019

Em casa
















Seus passos, seus próprios passos

Todos os dia tento me convencer:
Se você quer lutar por algo... Lute! Não tenha medo do fracasso, até mesmo porque quem deixa de ir a guerra por medo da morte já está morto dentro de si mesmo. O fracasso não é uma derrota, é uma consequência, um risco que vale muito a pena correr em prol do que se acredita. Cliché, mas nunca vai deixar de ser verdade. O medo sempre vem, até para os mais valentes, acredite. A diferença é que há quem use do medo para saltar, e quando menos espera já esta no alto, mas sempre tem a parcelas que usam do medo como lama. Logo estão imersos. Fuja das suas cadeias e diga olá para o mundo. Seus passos, seus próprios passos te levaram a diante. 😉💕

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Poesia



Uma moça e um moço
Moça eu não sou loiro
Nem tenho “zoi” azul
Moça eu não tenho dinheiro
Nem casa em lugar nenhum

Moça eu não tenho o meu próprio coração
Pois você já levou
Des do primeiro dia em que teu olhar me tocou.

Moça eu não tenho presa
Pra poder te contar
Todos os segredos que em mim há
 Eu  confio em Deus
E Deus há de arrumar
Um momento certo pra poder desvendar.

Moça eu tenho tudo
Pra poder me casar
Um cantinho, um emprego
E eu acho que dá

Moça se quiser estou perto
Tá fácil de achar
O caminho certo e só caminhar
vou deixar acender...
não quero apagar.
Veja o sol nascer e se por
Veja a noite chegar.

A Modernidade: Fábrica de eunucos



Por: Aline Moraes de Souza


Introdução

Este trabalho se constitui em uma analise critica sobre a modernidade como período que desencadeou uma realidade cultural, social, econômica, politica e filosófica. Para o desenvolvimento desta analise abordamos alguns pensamentos sobre o tema, mas enfatizamos os conceitos críticos de Friedrich Nietzsch que expõe sua repugnância pelo apego a estudos históricos em demasia e o individualismo moderno. Este texto tem como objetivo trazer uma reflexão sobre a sociedade a partir da modernidade. 

1.  Febre Moderna

          O que é modernidade? Modernidade é um período de tempo que se caracteriza pela realidade cultural, social, econômica e politica. Teve seu ápice na revolução industrial e se consolidou em meio aos conflitos ideológicos da razão objetiva que sustentava na tese de que cada esfera iria funcionar por si só, porém com uma funcionalidade. A proposta era o pensamento sobre o ser humano e de sua realidade em seu contexto. Com isso o pensamento tradicional fundamentado na teologia e na religião foi perdendo espaço. Esse processo foi nomeado por Max Weber, como o desencantamento do mundo.
 “Os Homens fazem a história, isso é, a história é construída pelo tempo sem intervenção do divino.” 
Max Weber
        A modernidade trouxe consigo muitos pensamentos filosóficos, históricos e científicos de extrema relevância para o mundo, como por exemplo, o pensamento sobre o individuo perante a sociedade e a desobrigatóriedade na fé teológica, entretanto, trouxe uma pestilência que afetou a sociedade moderna e continua afetando a sociedade nos dias atuais.
           Segundo Friedrich Nietzsche, em a Segunda Consideração Intempestiva, o homem moderno é adoentado por uma febre histórica. Essa peste atinge diretamente o homem moderno delimitando as capacidades naturais humanas como a de vivenciar e criar. Isso acontece pelo insano desejo de acumular saberes desnecessários ao longo da vida. Seria mesmo necessário saber sobre tudo? No mundo moderno pouco se cria, o que enxergamos como novo é, na verdade, evolução do que já existiu no passado, ou seja, já foi criado por alguém que está inserido na história. Esse é um grande problema, uma vez que, se estamos em constante movimento, onde cada tempo tem sua demanda como vamos atender as necessidades da nossa época se pouco, ou nada criamos?
“Está consideração também é intempestiva porque tento compreender aqui, pela primeira vez, algo de que a época está com razão orgulhosa – Sua formação histórica como prejuízo, rompimento e deficiência da época – Porque até mesmo acredito que padecemos todos de uma ardente febre histórica e ao menos devíamos reconhecer que padecemos dela.”
Friedrich Nietzsche, Segunda consideração intempestiva, Página 6.
            Para entendermos melhor a colocação acima, é necessário esclarecermos que o termo “intempestivo”, usado por Nietzsche, confronta outro termo, sendo ele: “Tempestivo” que se define como a relação intima entre historicidade e modernidade.  Essa ideia moderna de tempestividade que leva Nietzsche a construir sua crítica, pois, segundo ele, a modernidade é o lugar onde predomina a cultura histórica. Os conhecimentos históricos são muito importantes quando são usados a favor do futuro, ou seja, quando, literalmente, são uteis para as atividades desempenhadas na atualidade ou nas atividades que serão desempenhadas no futuro. Com a modernidade, houve uma necessidade de acumular saberes diversos, nos tornamos escravos do próprio conhecimento, conhecimento este que acabou se tornando vago. Quando aprendemos tudo sobre tudo não desempenhamos nada e então percebemos que o saber ser torna inútil, não funcional. O resultado é a frustração.
 “De resto me é odioso tudo o que simplesmente me instrui, sem aumentar ou imediatamente vivificar a minha atividade.”   Goethe              
        A História deve estabelecer uma relação com a atualidade, mas jamais enfraquecer o presente com livros e livros detalhando parte a parte de tudo. A história ocupa o seu lugar instrumental para servir o presente, algo que podemos consultar para construir algo novo, para amparar e questionar. Nietzsche propôs uma tipologia para os modos de fazer história, onde ele divide, define e nomeia suas funcionalidades:




História Monumental: Sua funcionalidade é inspirar novo, servir como base para que coisas novas sejam criadas a serviço do presente.

História Antiquaria: útil para o consolo.



História Crítica: Válida para os inconformados com o presente.
        De acordo com esta tipologia Nietzschiana, compreendemos melhor como deveria ser a utilização da história na vida da sociedade, que seria uma ferramenta grandiosa, mas como toda a ferramenta é dominada não dominante, estando sempre a serviço de algo ou alguém.
       A modernidade nos tornou seres fragmentados onde em cada lugar assumimos uma postura diferente. Existe a exigência de nos adaptar a cada situação, construindo assim um abismo entre o que somos e o deveríamos ser. Essa obrigatoriedade de termos de ser alguém diferente em cada lugar, dependendo sempre dos requisitos do ambiente, aderindo os modelos sociáveis do momento, não nos torna universais, como era proposto na teoria moderna, mas nos torna ainda mais individualistas. Isso acontece, pois, o nosso interior nunca está satisfeito, logo, nos desligamos do exterior para sanar as próprias necessidades. O homem moderno está tão ocupado se equipando de inutilidades para alcançar os modelos almejados que acaba perdendo o contato com os outros homens, negando assim os seus instintos se tornando um eunuco (homens inférteis, incapazes de produzirem alguma coisa). Para Nietzsche, um eunuco não distingue uma ideia da outra, não é necessário se há um modelo, com isso não há paixão ou vivencia há somente um jogo lógico.
          A ideia de viver o que se estuda é um dos parâmetros modernos e com isso a juventude é a mais sacrificada, uma vez que, de acordo com a modernidade, são colocados cada vez mais jovens os indivíduos para produzirem e isso faz surgir uma pressão social para produção imediata o que resulta em produtos sem qualidade em pequena escala.  Com este sistema de mercado os jovens indivíduos não adquirirem conhecimento adequado para nenhuma função social produtiva. Lembrando que a modernidade também desencadeou um mercado selvagem, onde nada satisfaz o homem moderno, a demanda pelo avanço desnorteado torna tudo que é “novo” em “velho” em questão de segundos. Quando os jovens modernos atingem a maturidade já estão cansados e frustrados.
2.  Linha do tempo

         Uma ideia muito intensa na modernidade é o conceito de linearidade do tempo que seria o pensamento de continuidade. Quando estudamos história por um livro didático, por exemplo, vemos claramente as ligações entre os fatos ali narrados. Como se um evento só acontecesse devido a um acontecimento anterior e assim por diante, claro que cada episodio ocorrido em uma fase temporal refletem na fase que está adiante, porem não é necessariamente culpa do passado tudo que acontece. Isto é o que chamamos de continuidade temporal. Ainda falando sobre a tese de Nietzsche, não há como assegurar essa linearidade, somente se nos basearmos em argumentos relacionados ao divino podemos garantir essa ideia de continuidade, do contrário, cada tempo viveu o seu tempo de acordo com sua demanda cultural e aspectos sociais.
         O grande problema da continuidade temporal é a ideia de que tudo esta degradado, mas que somos melhores hoje se compararmos com o passado e seremos melhores no futuro. Desta forma, estamos pensando em passado e futuro e não no presente. O homem moderno estuda muito o passado para descobrir o que faz de errado no presente para melhorar o futuro e isso é um tanto equivocado, quando pensamos que na verdade precisamos esquecer o passado, vivenciar o presente e o futuro cabe a quem estiver por lá, passamos a dar mais relevância ao nosso tempo, descobrindo e criando coisas novas.
         A solução para este problema, de acordo com Nietzsche, seria limitar os horizontes, uma vez que, se para os modernos o tempo é linear e continuo, ou seja, estar aberto ao futuro, só resta aos que querem se curar da febre moderna se opor a está ideia, traçando objetivos, limitando o seu tempo e viver as possibilidades. Somente assim conseguiríamos superar a modernidade. Isso seria ser intempestivo, agir contra o tempo no tempo para estabelecer uma nova relação com o próprio tempo. Essa relação seria o suficiente para criar uma personalidade forte, definida por Nietzsche como àquela que consegue digerir, apropriar e esquecer.
3.  Nós superamos a modernidade?

          Como já foi dito anteriormente, um dos maiores problemas da modernidade é a incitação pelo individualismo. Este problema veio da extrema busca pela subjetividade do ser, onde, o foco é o homem pelo homem e não o homem dentro de um campo social. Este paradigma nos assombra até hoje no que chamamos de contemporaneidade.
           Segundo Jacques Legoff, o homem moderno possui a ilusão de que ele se constrói e isso acontece, pois, ele se vê o tempo inteiro fazendo alguma coisa, convivendo com os conceitos: Nasceu para, cresceu para, trabalhou para, estudou para... e assim por diante. Essa reflexibilidade tem como consequência a fragmentação do ser, a verdadeira falta de sentido. Esta fragmentação faz com que questionamos a veracidade das coisas, uma vez que, se é levado em consideração o individuo e estamos diante de uma sociedade cheia de indivíduos... Não há nada que nos garanta o que esta por vir, por isso essa abertura para o futuro. Quem está dizendo a verdade? Há um desgaste social na modernidade.
       De acordo com A. Camte ( 1798- 1857), mergulhado na consciência moderna, faz a divisão entre homem individuo e o homem social, defendendo que há a necessidade da universalidade, ou seja, a posição do homem perante a sociedade deve ser pensada para a sociedade e não para interesses pessoais. Ressaltando que para A.Camte o estudo da história é um estudo de si mesmo, o que contradiz com a teoria Nietzschiana. 
“O estudo do homem deve ser subjetivo, mas jamais exclusivamente individual-psicológico. O que desejamos conhecer, do ponto de vista sociológico, não é a consciência individual e sim o tema universal.” A. Comte
           Outro ponto é a própria relação com o tempo, a modernidade possui um presente cada vez mais curto um futuro e um passado cada vez mais próximo. Está tudo mais instantâneo em constante movimento. Esta relação temporal deixa a impressão de desenvolvimento continuo, entretanto, se pensamos em desenvolvimento pensamos em conhecimento, foco, e para que isso aconteça demanda tempo, justamente o inverso do imediatismo. Gumbrecht questiona esse tempo tão imediatista levantando que este tempo deveria ser mais lento, o momento ideal para uma desaceleração.
           Diante de todos os pontos aqui atribuídos, podemos afirmar que não há um consenso sobre a superação ou não superação da modernidade, mas apenas pensamentos que se desdobram a favor ou contra este quesito, entretanto se levarmos em consideração os relatos sobre a atual condição social em que vivemos ainda percebemos o quanto eunucos ainda somos. A forma mais interessante de superar a modernidade é continuar questionando-a, trabalhando para desmistificar estes conceitos para futuramente permitir que fique o que precisa ficar e melhorar o que precisa melhorar. Por enquanto nos contentamos com a ideia de sermos contemporâneos. 

Referências Bibliográficas:
Segunda Consideração Intempestiva, Da utilidade e desvantagem da história para a vida, NIETZSCHE, Friedriche . Tradução Marco Antônio Casanova, 2003.
História e memória, LE GOFF, Jacques, 1996. Decadência.
A consciência de tempo da modernidade e sua necessidade de auto certificação, primeira parte do discurso filosófico da modernidade, 1985, HAMBERMAS, 1929.
Cascatas da modernidade, GUMBRECHT, Hans.
BAUMAN, Zygmunt; Modernidade e ambivalência / tradução Marcus Penchel. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999